O belo jardim que é a União Europeia
A polícia belga deteve para interrogatório e mantém em prisão preventiva uma vice-presidente do Parlamento Europeu, de seu nome Eva Kaili.
Segundo aquilo que tem sido noticiado – por sinal, muito pouco noticiado – existem fortes suspeitas da existência de um esquema de corrupção que envolve um país do Médio Oriente, que se julga ser o Qatar. A suspeita incide sobre a tentativa de influenciar a tomada de decisões no Parlamento Europeu.
Como sempre, em causa está a compra de pessoas que ocupam cargos de elevada importância no processo de tomada de decisões políticas e económicas.
Apesar de muitos considerarem que a União Europeia é um belo jardim e da própria comunicação social não dar muito destaque a este caso - para que os cidadãos não comecem a pensar que o jardim está cheio de ervas daninhas – a verdade é que nada disto é surpreendente. Os políticos que estão no exercício do poder, aqueles que nós vemos e ouvimos todos os dias na comunicação social, na verdade, não passam de paus-mandados nas mãos daqueles que verdadeiramente detêm o poder e que os compram (e indirectamente os elegem) com o objectivo de manter o status quo.
Claro que os "tira-nódoas" que estão na comunicação social vão tratar de muito rapidamente alegar que nem todos os políticos que estão no poder são corruptos, já que também eles são mantidos pelo poder estabelecido. Os politicos com poder de decisão podem, de facto, não serem todos corruptos, mas uma parte muito considerável (a que mais poder detém) está intrinsecamente dependente das convenções tratadas por detrás da cortina. E os que não estão, no mínimo, fecham os olhos e nada fazem para mudar esta realidade – a de que uma minoria de todo-poderosos (cheios de dinheiro) compra e controla as decisões fundamentais que são tomadas pelos governantes das ditas “democracias” ocidentais.
Convinha lembrar que a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também está a ser alvo de uma investigação criminal levada a cabo pela Procuradoria Europeia (EPPO). Em causa está a falta de transparência nos contratos assinados com a indústria farmacêutica. A senhora Ursula trocou várias mensagens privadas com o senhor Bourla (dono da Pfizer) para negociar à socapa as condições de compra das vacinas. Recordemos que Ursula von der Leyen comprou milhares de milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 (10 vezes mais do que a população europeia elegível para vacinação), sendo que os contratos estabelecidos com os laboratórios farmacêuticos continuam em segredo… Ursula von der Leyen não autoriza a publicação do conteúdo desses contratos (nem das mensagens privadas que trocou com Bourla), cujo conhecimento público é absolutamente imperioso, para que se possa escrutinar com toda a transparência todo o processo de negociação e compra das vacinas. Não viram nenhuma notícia sobre este “facto” na comunicação social, pois não? Pois claro que não. O jardim europeu do Borrell tem que parecer um local aprazível.
As pessoas têm que perceber de uma vez por todas que aqueles que estão nos cargos de poder não estão lá para decidir de acordo com o superior interesse dos cidadãos, mas sim no interesse daqueles que controlam e decretam cada um dos seus passos.
E pensar que muita gente continua a achar que as “democracias ocidentais” são sistemas realmente democráticos. Apenas porque há eleições livres…