O centenário do pai do “bloco central”
Quem quiser celebrar o centenário de Mário Soares deve começar por responder a duas perguntas muito simples: Onde é que ele estava no 25 de Abril? E onde é que ele estava no 25 de Novembro?
As respostas a estas duas perguntas demonstram muito bem quem foi Mário Soares. A maioria das pessoas não tem tempo para se informar acerca das respostas a estas perguntas e, por isso, preferem acreditar no que ouvem na comunicação social ou naquilo que os seus ídolos publicam nas redes sociais.
E o que dizem a comunicação social e os fazedores de opinião nas redes sociais?
No que ao 25 de Abril diz respeito, dizem que Mário Soares foi um dos grandes lutadores e fazedores da Liberdade. Foi, foi, foi. Soares lutou muito pela Liberdade, usufruindo de total liberdade e boa vida em Paris, local onde se encontrava fugido à luta e ao combate.
Já em relação ao 25 de Novembro, os mesmos dizem que Mário Soares também foi um dos principais responsáveis. Dizem que Soares ajudou a devolver à sociedade civil, a liberdade de decidir o seu destino. Foi, foi, foi. Aquilo que Soares fez (a par de Eanes e Sá Carneiro), foi matar definitivamente a Revolução de Abril. Foi integrar os fascistas na dita sociedade democrática, sem que houvesse lugar a qualquer punição. Muito pelo contrário, devolveu-lhes tudo aquilo que eles abocanharam durante a ditadura, à custa de tanta miséria e sofrimento popular. Mário Soares foi um dos maiores responsáveis pela metamorfose que tornou os maiores fascistas nos melhores e impolutos democratas. E eles estão aí, bem à vista de todos. Mário Soares não puniu os fascistas, cobriu-os com peles de cordeirinhos e ajudou a punir os verdadeiros fazedores do 25 de Abril.
E se dúvidas ainda restarem, basta olhar para o que aconteceu hoje na Assembleia da República, onde PS aplaude de pé os discursos do PSD e vice-versa. Basta ver a direita a dizer que “Soares é fixe”, basta constatar o que disse Marcelo (“afilhado” do Marcello).
É este o legado de Mário Soares. Destruiu a esquerda – a que nunca abandonou o país, a que sempre lutou contra a ditadura e que fez o 25 de Abril -, fundou um partido de falsa esquerda e reconheceu a falsa democraticidade dos fascistas que ele próprio ajudou a metamorfosear-se.
Mário Soares é o pai do “bloco do central” e o grande responsável por 10 anos de governação cavaquista.
Depois de tudo isto, quem quiser que lhe bata palmas.