O crivo de Costa
António Costa fez questão de vincar que o questionário de 36 perguntas que visa aferir a idoneidade dos governantes não tem que se aplicar aos actuais membros do seu governo, porque estes já apresentaram as declarações de interesse e rendimentos no Tribunal Constitucional e na Assembleia da República. António Costa considera que o crivo já está feito.
Vamolaver, então, o “questionário das 36 perguntas” não foi a miraculosa solução que António Costa e o seu conselho de ministros encontraram, precisamente para colmatar as retumbantes falhas evidenciadas pelo crivo a que os anteriores entrantes no governo estavam sujeitos?
É óbvio que todos aqueles que defendem a utilidade deste questionário têm a obrigação de exigir que o mesmo se aplique a todos os actuais governantes. Caso contrário, estarão apenas a assumir que o famigerado questionário não passa de mais uma manobra de diversão, posta em prática por um dos maiores malabaristas da política nacional.
De salientar ainda a postura sempre muito afoita dos jornalistas, que apenas se limitam a registar as patacoadas que os políticos lhes atiram para cima, sem que sejam capazes de questionar o que deve ser questionado.