O perfil típico dos estudantes que marcharam pelo clima
Ontem, os estudantes faltaram às aulas para participar em inúmeras manifestações pelo clima. Os estudantes responsabilizaram os políticos pela insustentabilidade do planeta e mostraram-se indignados, sobretudo, com a falta de medidas que contribuam para um mundo melhor, mais sustentável.
Tudo isto é muito bonito, mas eu gostaria de saber o que cada um dos manifestantes está realmente disposto a fazer para contribuir com a sua pequena parte, para a tão desejada mudança de paradigma.
Toda a gente sabe que as crianças, adolescentes e jovens em idade escolar, na sua esmagadora maioria, cultivam o culto das marcas e praticam religiosamente inúmeras acções diárias contrárias àquilo que ontem defenderam.
O estudante típico começa o dia a tomar o seu pequeno-almoço composto por cereais daquela famosa marca que começa por “K” e/ou bebe o seu leitinho quente misturado com duas colheres de pó achocolatado daquela marca que começa por “N” ou “O”. Minto. O dia-a-dia destes meninos não começa com o pequeno-almoço, mas sim com a consulta do telemóvel que, normalmente é daquela empresa com nome de fruta. Pode ser um telemóvel de outra marca qualquer, o efeito poluidor destas marcas de topo é muito semelhante.
De seguida, a maioria dos estudantes saem de casa para ir às aulas, mas poucos optam por utilizar os transportes públicos para esse fim, a maioria é transportada confortavelmente pelos popós dos papás. Nalgumas destas viagens ocorre aquilo que eu vejo todos os dias - beatas, plásticos e afins atirados pela janela.
A maioria dos “putos” passa o dia a mascar pastilhas elásticas. A meio da manhã e da tarde devoram alguns snacks daquelas marcas de âmbito universal já referidas (batatas fritas, chocolates, biscoitos, etc.). Muitas vezes o almoço é feito naquela cadeia de restaurantes que tem um “M” amarelo muito grande à porta, em que a bebida mais consumida é um refrigerante gaseificado de cor acastanhada, daquela marca que também polui pouco.
Ontem, naquelas manifestações, a maioria dos que nela tomaram parte vestiam calças de ganga (“jeans”), calçavam sapatilhas da marca das três barrinhas ou da asa e muitos, mas mesmo muitos apresentavam o cabelo pintado, provavelmente por um dos muitos produtos daquela marca começada por “L”.
Tudo isto para dizer que os estudantes, não todos mas a esmagadora maioria, são verdadeiros embaixadores das marcas que mais poluem e que mais agridem as mais diversas formas de vida do nosso planeta.
É muito bonito sair para a rua a gritar palavras de ordem, mas estarão eles realmente disponíveis para abdicar dos seus próprios rituais de poluição?