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Contrário

oposto | discordante | inverso | reverso | avesso | antagónico | contra | vice-versa

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RAPIDINHA

Trump deporta imigrantes, porque considera que as pessoas devem viver na sua terra, no seu país de origem, com excepção do povo palestiniano, que deve ser expulso do seu próprio país e entregá-lo aos "nazionistas".

O problema da TAP é o problema do país

E chama-se BLOCO CENTRAL

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O problema da TAP é o problema que afecta este país há quase 50 anos, isto é, o exercício do poder por parte de dois partidos que são duas faces da mesma moeda: o PS e o PSD (com o CDS, ocasionalmente).

Aquilo que se está a passar na TAP não é nada de novo. A promiscuidade entre os vários governos e a companhia aérea sempre foi uma constante. A singela diferença era a de que até agora, uns defendiam a gestão privada da companhia e outros preconizavam uma gestão pública. Mas, no essencial, ambos defendem a mesma coisa, ou seja, ambos pretendem fazer da TAP um antro de tachos e mamatas para a malta amiga dos dois partidos. Uns preferem entregar a TAP numa bandeja a uma amigo privado, que depois vai saber recompensar muito bem a malta amiga que tomou essa decisão. Outros preferem que a empresa se mantenha na esfera pública, mas para servir os mesmos interesses dos primeiros, isto é, o de alimentar a malta amiga do seu partido. E até estes últimos já nem sequer estão interessados em manter essa “singela diferença”, pois também eles pretendem, agora, entregar a empresa ao primeiro privado que garanta a continuidade destes expedientes que muito bem governam a vidinha destes maltrapilhos. E tudo sempre muito bem sustentado por milhões e milhões do erário público. E, entretanto, aquilo que está em marcha não é mais do que uma campanha de desvalorização da TAP, para que possa ser oferecida a um privado amigo e, assim, dar continuidade à depravação. Lá se vai a “companhia de bandeira”.

Isto é o que se passa - e sempre passou - em tudo aquilo que depende de decisões governativas e em todas as empresas públicas ou PPPs. Basta recordar alguns processos de privatização e de parcerias público-privadas em empresas como a EDP, a REN, a BRISA, a Lusoponte, a Petrogal, etc. O objectivo é sempre o mesmo: garantir rendosas conezias (como disse Eça de Queiroz) para a nata dos partidos do governo e seus amigos privados. Tudo feito à custa de milhares de milhões do erário público.

Portanto, a histeria actual sobre a situação da TAP de nada servirá se não for para perceber, de uma vez por todas, aquilo que se passa todos os dias neste país, ano após ano, governo após governo, em tudo que é fórum de decisão da aplicação de dinheiros públicos. Se for para continuar a tratar este problema como se de uma novidade se tratasse, ou de um escândalo improvável e imprevisto, então, ainda não aprendemos nada com os últimos quase 50 anos de promiscuidade, corrupção e prevaricação das instituições públicas.

Resta ainda acrescentar uma palavrinha sobre a actuação de Marcelo Rebelo de Sousa. Dizem por aí à boca cheia que o governo tentou “arrastar o Presidente da República para o lamaçal da TAP”. Ah! Coitadinho do Presidente que é tão ingénuo. Convinha recordar que Marcelo foi dos primeiros – senão mesmo o primeiro – a abordar a questão da indemnização de Alexandra Reis. Foi ele quem se apressou a dizer que o valor da indemnização poderia ser muito maior, caso Alexandra Reis e o seu advogado que, por acaso é irmão de Marcelo (mundo pequeno, não é?), assim entendessem exigir junto da companhia aérea.

Há ainda a questão da tentativa de alteração de um voo da TAP, para favorecer a agenda de sua excelência. Alguém no seu perfeito juízo acredita que Marcelo não sabia de nada sobre esse pedido de alteração? Poderá alguém considerar plausível que isso tenha partido da exclusiva iniciativa da agência de viagens que trata dos voos do senhor Presidente? Já agora, por que razão a Presidência da República recorre a uma agência de viagens para tratar do agendamento de voos para o senhor Presidente? Bem, talvez esteja aqui bem patente uma boa razão para que isso seja uma prática considerada normal.

Marcelo é a cara do Bloco Central. Por conseguinte, Marcelo personifica muito bem aquilo que constitui o maior problema da sociedade portuguesa. E, apesar de sentir que as pessoas estão cada vez mais insatisfeitas com a actuação do actual governo, Marcelo não tomará nenhuma decisão que conduza à realização de novas eleições, pelo menos até ao momento em que sinta que a outra face da moeda que garante a perpetuidade do sistema esteja em condições de “ir ao pote”. Ele próprio já o anunciou, sem qualquer rebuço.

Claro que o sistema do poder que está enraizado na sociedade portuguesa tem uma premissa que não pode ser retirada da equação política. É a de que há quase 50 anos que as pessoas têm o poder de escolher diferente a cada acto eleitoral e, assim, penalizar os prevaricadores do poder. Mas, a dura e incompreensível realidade demonstra que a maioria tem escolhido, consecutiva e religiosamente a mesma coisa. E depois de tantos anos, tantos governos e tantas trapaças, começa a não haver razões que desculpem as suas escolhas. E, consequentemente começa a deixar de haver espaço para que sintam ter legitimidade para se queixarem.

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