O que ainda resta a Passos Coelho?
A economia portuguesa cresceu 2,8% no primeiro trimestre deste ano. Foi um crescimento económico recorde, o maior da década. Passos Coelho, o pressagiador do diabo, que há bem pouco tempo afirmava que o crescimento do país era medíocre quando comparado com o passado e, sobretudo, com aquele que o seu governo (PSD/CDS) deixou, veio reclamar para si e sua governação a taxa de crescimento agora divulgada.
Enquanto Passos esteve no governo, o país apresentou, em boa parte do tempo, taxas de crescimento negativas, excepto nos anos de 2014 (ainda assim abaixo de 1%) e 2015, ano de eleições e governação partilhada. Para Passos Coelho, que começou a governar em 2011, a taxa de crescimento de -4,03% em 2012 deveu-se às más políticas do anterior governo (o de José Sócrates), a de 2013 (-1,13%) também, mas a taxa de crescimento de 0,89% de 2014 já foi obra do seu governo, bem como a de 2015. O crescimento de 2016 já foi obra de António Costa e, para Passos, foi medíocre ou “redículo” como ele gosta de dizer. Mas eis que o primeiro trimestre de 2017 volta a apresentar um crescimento que é obra do seu governo e não do actual.
Portanto, tudo aquilo que acontecer de bom será obra sua e do seu governo, aquilo que correr mal ou menos bem será sempre da responsabilidade da Esquerda, independentemente da cronologia dos factos.
Conheço o suficiente dos políticos portugueses para saber que a esmagadora maioria gosta de manipular e dissimular, mas ainda não tinha visto nenhum com a latosa de Passos Coelho. O que será que ainda lhe resta? De cada vez que vem à tona, logo se agarra a uma bóia de betão.