O taberneiro já não fala de Sócrates
Li hoje no JN um artigo de opinião escrito por Nuno Melo (o cuco-político). O título que Nuno Melo escolheu para o seu artigo foi “A taberna”, ora, vindo de um taberneiro não poderia ter feito melhor escolha. O artigo não é mais do que uma crítica ao comportamento de António Costa e outros membros do Partido Socialista, pois claro, o que haveria de ser? Enquanto operacional de linha da frente dos “direitolas”, Nuno Melo insurge-se contra todos quantos se têm dirigido a Cavaco Silva com alguma “animosidade”.
Nuno Melo começa o artigo com uma espécie de “Best Of” daquilo que, supostamente são insultos apoplécticos dirigidos a Cavaco. Nuno Melo é a pessoa indicada para o fazer, já que ninguém melhor do que um taberneiro para apanhar estas pérolas, na taberna ouve-se de tudo e Melo já tem cabelos grisalhos de tanto escutar. Então, indigna-se com aquilo que ele considera “insultos”, tais como “chefe de facção”, “nada, zero, inútil, traidor, autocentrado, calculista, contraditório, aquele que é formalmente presidente da República”. Sinceramente, não vejo aqui nenhum insulto, muito pelo contrário, vejo algumas boas definições de Cavaco Silva. Reparem que, Nuno Melo considera que chamar “Cavaco” a Cavaco também é insulto. E não admite que se refiram ao “chefe de Estado constitucionalmente representante da República” nestes termos. Chega mesmo a afirmar que “sem ‘açaime’, os operacionais de linha da frente do PS dedicam ao presidente a mesma solenidade institucional que concedem na taberna da terra aos responsáveis pelos incidentes futebolísticos da semana”.
Bom, eu sou capaz de insultar um árbitro que assinale três penáltis fora da área a favor do Benfica e mais três golos de bolas que não chegaram a ultrapassar as linhas da pequena área, de uma forma bem mais ligeira do que os insultos que sou capaz de dirigir a Cavaco. Porque, apesar da infâmia, ainda assim o árbitro continuaria a merecer-me mais respeito e consideração que Cavaco.
Repito, enquanto operacional de linha da frente dos “direitolas”, Nuno Melo surpreendeu-me bastante neste artigo de opinião. Não por ter vindo em defesa de Cavaco, como um pinscher desatrelado que não nos larga a beira das calças, nem mesmo por, finalmente assumir-se como um dos maiores taberneiros da política nacional. O que muito me surpreendeu foi o facto de não ter dedicado uma única frase a José Sócrates – a sua musa inspiradora, o que é obra.