Os cornos da banca
O historial da banca portuguesa tem demonstrado que, sempre que há um problema grave numa instituição bancária, o maior responsável por essa mesma instituição nunca sabe de nada, até ao momento em que a tenda vai abaixo.
Foi assim com o BPP de João Rendeiro, com o BPN/SLN de Oliveira e Costa, Dias Loureiro e Cavaco Silva, o BCP de Jardim Gonçalves e é agora com o BES de Ricardo Salgado. Há sempre um traço comum nestes casos, nunca ninguém sabe de nada até ao momento em que a trapaça deixa de funcionar. As sumidades da gestão bancária em Portugal são sempre os últimos a saber. São aquilo a que eu chamo de "cornos da banca". Coitados! Não têm culpa de serem cornudos, pois nada fizeram para que tal lhes acontecesse. São pessoas honestas, humildes e que têm apenas um defeito, que é o de confiarem em gente que os acaba por trair.
Esta gente é merecedora de compaixão e não de comissões parlamentares de inquérito e julgamentos. Se até a justiça os deixa em paz com a pesada e custosa cornadura que os monta, porque razão havemos nós de os querer crucificar?