Os governantes deveriam ser utentes do SNS
Alguém pode esperar que um serviço público que é governado por pessoas que não o usam possa ser eficaz e de qualidade?
Os governantes – ou a sua maioria – não recorrem aos serviços públicos de saúde, por essa razão eles estão como estão. Se eles tivessem que passar por aquilo que passa a maioria dos portugueses quando se desloca ao SNS, sobretudo às urgências hospitalares, de certeza que o caos que se verifica há muitos anos já estaria devidamente sanado.
Mas a maioria dos governantes não se desloca às urgências dos hospitais públicos, ou então têm acesso VIP e não sofrem aquilo que o povo sofre. Ou ainda, nunca ficam doentes. Deve ser isso.
Como é que um governante – em particular um chefe de Governo – consegue dormir, comer, passear, sorrir e até mesmo pavonear-se constantemente para as câmaras do mediatismo, quando os seus concidadãos, sobretudo os mais frágeis - nos seus momentos de maior fragilidade – agoniam durante tantas horas (às vezes mais do que um dia) nos corredores de um Serviço de Urgência à espera que alguém lhes possa valer?
Como pode um Primeiro-ministro pousar a cabeça na almofada e dormir o sono dos justos, quando há compatriotas seus - muitos deles idosos – a passar a maior de todas as necessidades?
Um Estado que não consegue providenciar um serviço de saúde de qualidade e excelência a todos os seus cidadãos é um Estado falhado. Mas tenho a certeza que todos os governantes – os actuais e os que lhes antecederam – ainda hão-de ser devidamente condecorados pelos brilhantes serviços prestados ao país.