Os oligarcas de Washington
Pessoas minimamente atentas certamente já notaram que existe um elevado interesse na escalada militar no conflito na Ucrânia. Portanto, quando o foco deveria estar naquilo que está a ser discutido entre as partes, com vista a alcançar um acordo de paz, vemos o poder ocidental (onde se inclui a comunicação social, claro) a falar constantemente sobre a possibilidade de fechar o espaço aéreo ucraniano, sobre a possibilidade de uma intervenção mais directa e musculada da OTAN, fala-se em enviar mais armamento para a Ucrânia, fala-se até na possibilidade de ataques com armas químicas e biológicas. Tudo isto vem de quem se diz escandalizado com a guerra e de quem diz estar muito empenhado na paz.
Se recuarmos até poucas semanas antes do início da invasão, com certeza que nos lembraremos de como os governos do ocidente estavam em pulgas – visivelmente irritados – com o facto de a Rússia estar a demorar tanto tempo para invadir a Ucrânia. A postura dos líderes ocidentais era a de alguém que estava a perder a cabeça com a possibilidade de o conflito nem sequer vir a acontecer. Assim que aconteceu, era vê-los muito mais relaxados e até com ar de satisfação. Por que razão ficaram tão satisfeitos?
Há poucos dias escrevi porque é que “eles” não querem o fim da guerra, e apresentei várias razões para o ocidente desejar tanto, mas tanto este conflito. Vejamos agora mais algumas razões absolutamente repugnantes.
Antes da invasão da Rússia à Ucrânia, membros do Congresso norte-americano adquiriram acções de empresas de energia e de armamento. Muitos deles fazem parte de comissões que beneficiam de informação privilegiada sobre estes mercados e, surpreendentemente, alguns investiram pela primeira vez neste tipo de acções. O timing diz tudo.
Mais, os EUA estão a fornecer à Ucrânia mísseis (americanos) Javelin and Stinger, das empresas Lockheed Martin e Raytheon. Ora, pelo menos 18 membros do Congresso têm investimentos relacionados com os activos destas empresas.
Portanto, qual será o significado de tudo isto? Membros do Congresso norte-americano a investir em empresas que lucram muitos milhões com o fornecimento de armas a um país que se encontra em guerra.
Convém recordar que esta prática obscena não é novidade. Em anteriores conflitos – muitos deles fabricados pelos EUA (Afeganistão ou Iraque) – aconteceu a mesma coisa. Ou seja, aqueles que “mandam no mundo” são aqueles que lucram muito com a existência de conflito armados.
E, já agora, podemos também recordar o que aconteceu em relação às vacinas contra a Covid-19. Vários congressistas norte-americanos investiram nas empresas que estavam a desenvolver as vacinas e também colheram a sua fatia dos muitos milhares de milhões que estas empresas lucraram com uma vacina desenvolvida com o dinheiro dos contribuintes.
E, mais ainda – quando se puxa o fio ao novelo, nunca mais pára -, para quem tiver interesse em conhecer melhor quem são os Biden é só fazer um pequeno esforço de pesquisa e leitura. O perfil de actuação é sempre o mesmo e a perfídia é tão evidente, que não nos resta outra alternativa senão concluir que isto são tudo fake news e teorias da conspiração. As nossas cabecinhas não aguentariam verdades tão escabrosas.
https://www.theguardian.com/us-news/2022/feb/27/hunter-biden-joe-biden-president-business-dealings