Ou o vírus enfraqueceu, ou então…
Uma das principais razões, senão mesmo a principal, que levou ao confinamento foi o facto de o coronavírus ser considerado de elevado contágio, algo que poderia levar ao colapso dos serviços de saúde.
Os portugueses aderiram bem ao confinamento. É um facto. Agora, querem que os portugueses saiam de casa à força toda. Compreende-se a preocupação com os efeitos nefastos do desconfinamento, acho que todos nós estamos cientes dessas dificuldades, contudo, o perigo que levou ao confinamento mantém-se. Ou não? Ainda não ouvi ninguém com autoridade na matéria dizer que o vírus está mais fraco e que o risco de contágio se reduziu significativamente.
Ainda assim, há uma grande fatia de portugueses que parece já ter regressado à normalidade. As pessoas estavam fartas de estar fechadas em suas casas e, agora, com o apelo das temperaturas e com os valentes empurrões do Presidente da República (PR) e Primeiro-Ministro (PM) sentem-se “à vontadinha” para encher praias e esplanadas, porque o bicho já não pega.
Relembremo-nos que, há bem poucas semanas, o cenário para o Verão deste ano era o de que o acesso às praias durante a época balnear iria ser bastante restrito e controlado. E que iria ser um Verão diferente de todos os outros.
Pois bem, a verdade é que o Verão ainda não chegou, nem tão pouco abriu a época balnear e algumas praias já estão repletas de gente. Note-se que até Marcelo e Costa foram à praia, provavelmente com o intuito de dar um bom exemplo, mas que mais não fizeram do que dar um péssimo exemplo, algo a que já estamos a ficar habituados. As mais altas figuras do Estado em plena praia, fora da época balnear, se calhar era para colmatar a falta de nadadores-salvadores.
É óbvio que as praias são locais propícios ao contágio. Não se trata de um ambiente fechado, é certo, mas são locais de aglomeração, onde não se usa máscara e os cuidados de higiene, desinfecção e etiqueta respiratória são praticamente nulos. Então as novas regras para se frequentar as praias são absolutamente ridículas. Como é possível achar que 1,5 metros de distância entre toalhas é seguro? Então, já não se leva em consideração a deslocação do ar? Se alguém espirrar e/ou tossir (e vão ser muitos a fazê-lo, com toda a certeza) já não há perigo? 1,5 metros é suficiente? Eu acho que não, a menos que o bicho não seja tão contagioso como se diz.
Eu diria que estas novas regras de utilização das praias não servem nem para uma situação de normalidade, quanto mais na actual situação.
Pelo que vi (na televisão, claro), algumas praias estão a ter a afluência habitual de um normal dia de Verão. Vi também que muitas pessoas não cumprem sequer as novas regras de utilização das praias, regras que pouca ou nenhuma segurança conferem aos banhistas. As autoridades políticas devem estar a contar que este bicho seja mais do “mato” do que da praia. Deve ser isso.