Parece que o António mexia onde não devia
António Mexia, presidente executivo da EDP foi constituído arguido. Por que será que fico com a sensação que já devia ter sido há muito? Bem, parece que o António foi indiciado por mexer onde não devia, sendo agora (só agora!) suspeito de corrupção e participação económica em negócio, coisas que em linguagem comum significa afanar uns cobres ou ter unhas na palma da mão.
Se notarmos que estas pessoas agora constituídas arguidas são nomes que circulam ou circularam por empresas como a EDP, a REN, o Novo Banco (antigo BES, do qual Mexia também fez parte) e até o BPN, ou que fizeram parte de governos, onde tomaram importantes medidas que beneficiaram fortemente as empresas (e eles próprios) que, pouco mais tarde passaram a administrar, não restarão muitas dúvidas sobre as razões pelas quais foram agora indiciados. Depois há os consultores de ex-ministros, e os ex-ministros que foram cornear para longe, etc.
Reparem, o filme é sempre o mesmo, basta puxar o fio ao novelo e ver por onde andou Mexia ao longo de décadas. Foram lugares de governante, banca, Galp, Gás de Portugal, Transgás e, por fim, culminou na EDP, que era pública e foi entregue numa bandeja a privados, pelas mãos de governantes sem escrúpulos que posteriormente foram chuchar nas tetinas de uma empresa que era de todos e que agora é pertença de uns privilegiado que, estando habituados a viver acima da lei ou a fazê-las, nada temem. Enfim, é só puxar o novelo e começam a chover nomes e trapaças e, rapidamente, se percebe a razão pela qual este país nunca descolou e sempre foi um paraíso para meia-dúzia de finórios.
António Mexia, um finório PPD condecorado por Cavaco, com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Empresarial terá agora que explicar os seus méritos à justiça. E podemos ficar descansados? Claro que sim. A justiça em Portugal funciona. O Dias Loureiro que o diga.