Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Contrário

oposto | discordante | inverso | reverso | avesso | antagónico | contra | vice-versa

Contrário

oposto | discordante | inverso | reverso | avesso | antagónico | contra | vice-versa

RAPIDINHA

Trump deporta imigrantes, porque considera que as pessoas devem viver na sua terra, no seu país de origem, com excepção do povo palestiniano, que deve ser expulso do seu próprio país e entregá-lo aos "nazionistas".

Parece que vem aí uma App que vai controlar a Covid-19

Está quase, quase a chegar a primeira app portuguesa que vai meter a Covid na ordem. Chama-se “StayAway Covid”, sim, porque app que é app tem que ter um nome em inglês.

Esta aplicação foi desenvolvida no INESC TEC e, quer os técnicos que a desenvolveram, quer os nossos governantes acreditam piamente que ela vai desempenhar um papel muito importante no combate à pandemia.

Eu até entendo a posição dos técnicos ao defenderem a sua dama, aquilo que me intriga é a habitual crença que os governantes têm nas novas tecnologias, a inabalável fé que lhes depositam e a profunda incapacidade que têm para avaliar, medianamente, a sua eficácia.

Ouvi dizer que o Governo financiou o desenvolvimento desta aplicação. Não tenho a certeza se é verdade ou não, mas tendo a acreditar que sim, o que me deixa ainda mais perplexo.

Alguém, no seu perfeito juízo, crê que esta aplicação vai ter um contributo significativo no combate à pandemia? Apesar de o Marques Mendes tê-la vendido muito bem, por razões que só ele saberá (ou não), a verdade é que esta aplicação não parece apresentar nada de verdadeiramente substancial no combate à pandemia.

Primeiro, trata-se de uma aplicação que funcionará com o recurso à tecnologia Bluetooth. Bem, fiz um exaustivo estudo junto de dezenas de pessoas e logo concluí que praticamente ninguém tem o hábito de manter o Bluetooth ligado por longos períodos de tempo.

Segundo, a aplicação só será eficaz se for usada por mais de 60% da população. Em Portugal, os smartphones são utilizados por pouco mais de 70% da população, pelo que será mesmo muito difícil, eu diria impossível, que o número de utilizadores desta aplicação chegue sequer a metade daquilo que seria necessário para apresentar um nível de eficácia aceitável.

Terceiro, apesar de eu não ser nenhum especialista na matéria, sei que a tecnologia Bluetooth funciona por meio de frequências que podem conectar dispositivos que estão a menos de um metro de distância, bem como dispositivos que podem estar a distâncias muito superiores (até um quilómetro). Dando como certo que os técnicos do INESC TEC tiveram isso em consideração e sabendo que é possível utilizar o Bluetooth em diferentes intensidades da frequência, estarão os senhores desenvolvedores da aplicação em condições de assegurar que apenas as pessoas que estiveram por tempo e distância consideradas válidas para o intervalo de contágio vão receber a mensagem de aviso? Temo que não. E temo ainda mais o caos que isso pode causar, presumindo que uma parte significativa da população vai usar a aplicação.

Agora, imaginemos o seguinte cenário: uma pessoa que tenha estado a 5 metros de distância de outra pessoa. Consideremos que ambos estiveram a essa distância por um tempo considerado relevante, mas que se mantiveram à distância mínima de 5 metros e que ambos até estavam a usar máscara. Neste cenário, depois de uma delas ter testado positivo, a outra vai receber a mensagem de aviso? Será necessário avisar alguém que, devidamente protegido, esteve a 5 metros de alguém que estava infectado? A aplicação não distingue os cumpridores das regras de protecção e distanciamento. E quando tomo como exemplo os 5 metros de distância, posso considerar apenas 2 metros. As dúvidas manter-se-ão.

Considerando tratar-se de uma situação excepcionalmente delicada, supõe-se que a aplicação esteja a funcionar por excesso e não por defeito, no que à distância entre dispositivos diz respeito. Então, já imaginaram a quantidade de pessoas que vão receber o aviso desnecessariamente? E o que vem a seguir? Uma avalanche de chamadas para a Linha de Saúde 24, que entupirá rapidamente. E o que vão fazer os técnicos de saúde? Confiar na aplicação e mandar testar todos quantos foram avisados pela app? Ou então ordenar que se mantenham em quarentena desnecessariamente?

Depois, há ainda a questão dos falsos positivos. Talvez os técnicos do INESC TEC não saibam, mas o Governo sabe que, não raras vezes, os testes efectuados à Covid-19 apresentam falsos positivos. Serão os senhores governantes capazes de imaginar o nível de ansiedade e de stress a que dezenas, centenas ou até mesmo milhares de pessoas podem vir a estar sujeitas desnecessariamente? Isto, partindo do princípio de que a esmagadora maioria de nós estaria a usar a aplicação, claro, convém não esquecer este pormenor.

Outra ponto muito importante tem a ver com as questões da segurança e privacidade. Os técnicos garantem que a aplicação é totalmente segura e que, em momento algum, os dados das pessoas serão divulgados e/ou usados para outros fins. Hum… Vamos lá ver se eu sou capaz de acreditar nisso… É claro que sou. Então, passa pela cabeça de alguém que os dados dos contactos possam vir a ser utilizados para outros fins? Só quem estiver de má-fé é que pode lembrar-se de tamanha aleivosia.

Aliás, os técnicos do INESC TEC fizeram questão de nos sossegar, ao garantir que estabeleceram protocolos de cooperação com a Google e com a Apple, pelo que não resta qualquer dúvida de que a privacidade e segurança estão garantidas. Mais seguro mesmo, só se a estas duas entidades se juntasse o Facebook.