Partidos que começam a mentir logo pelo nome
Os políticos andam assustados com o facto de os eleitores confiarem cada vez menos nos partidos. De facto, tem-se assistido a uma crescente desconfiança nos partidos, ou melhor dizendo, nas pessoas que representam os partidos. As pessoas têm vindo a pôr em causa a idoneidade e real capacidade dos políticos que nos representam. E, verdade seja dita, não lhes faltam razões para isso.
Será que os partidos são mesmo de confiança? Será que aquilo que apregoam corresponde ao que realmente estão dispostos a fazer? Ou será que tudo não passa de retórica para trapacear o povo?
Vejamos, são inúmeras as razões que nos podem levar a desconfiar dos partidos. Mas, agora, vou-me centrar apenas na escolha que os partidos fazem para a sua designação. Realmente, é difícil acreditar nas promessas e ideias de um partido que, aquando da escolha do seu nome, já está a tentar ludibriar a malta.
Analisemos o nome dos três partidos que já exerceram funções governativas. Comecemos pelo Partido Socialista, actualmente no Governo.
Partido Socialista? Socialista? Desde quando é que o PS é “socialista”? O PS não é um partido que pratique o socialismo. Os governos PS, regra geral, implementam algumas medidas de índole socialista, é o melhor que conseguem fazer, contudo aprovam muitas mais medidas que esbarram no puro capitalismo e liberalismo. Digamos que o PS só é socialista aos feriados e dias santos.
Agora o Partido Social Democrata (PSD). Com que então, Social Democrata? Mas o que é isto? Certamente não estão a referir-se à social-democracia de Karl Marx. Ou estão? É que a “social-democracia”, mesmo aquela que alguns foram reinventando, nunca foi uma ideologia de direita e o PSD é, vincadamente, um partido de direita. Mais do que ser de direita, o PSD é um partido liberal, muitas vezes, ultraliberal. Ora aqui está um nome que lhes assentava que nem uma luva. Por que razão têm tanta dificuldade em assumir a sua verdadeira natureza? Passos Coelho, um indiscutível ultraliberal, até chegou a usar numa recandidatura à liderança do seu partido o slogan “Social Democracia Sempre”. Vejam bem a lata e o desfasamento da realidade a que se submetem, só para engodar o eleitorado.
E, por último, o CDS – Partido Popular. A sigla CDS significa “Centro Democrático Social”. Como se pode ver, a dissimulação começa logo na palavra “Centro”. Reparem que os outros dois optaram por “Partido” como primeira palavra da sua designação, mas o CDS não perdeu tempo e entrou logo a matar com uma falsidade. Tal como o PSD, o CDS é um partido de direita, inequivocamente de direita. À semelhança dos seus “amigos” de estimação, também o CDS é um partido liberal, muitas vezes, ultraliberal. Ainda sobre o “Centro”, queria dizer que isso nem sequer existe. Em política não há “centro”. Essa ideia só é defendida por aqueles que pretendem colher de todos os lados e, só por essa razão optam por colocar-se ao dito “centro”. As palavras “Democrático” e “Social” também têm muito de questionável neste partido (o que é que não é questionável neste partido?), mas o mais estapafúrdio é a mania que o CDS tem de se auto-intitular de “Democratas-Cristãos”. Esta sim é a maior aberração da política nacional, um partido a querer retirar dividendos da vida e obra de Jesus Cristo. Também por essa razão andam sempre de braço dado com a Igreja. Apelidarem-se de cristãos chega mesmo a ser anedótico. Os políticos do CDS devem ser tão cristãos como a maioria dos padres que eu conheço. O CDS é, muito provavelmente, o partido cuja ideologia mais se distancia daquilo que é o Cristianismo. No entanto, dizem-se cristãos. Se atentarmos naquilo que foi a vida de Jesus Cristo, segundo a Sagrada Escritura, rapidamente concluímos que, muito provavelmente, Jesus Cristo foi o primeiro grande notável defensor da ideologia comunista. Posso até dizer que, no que respeita à defesa da ideologia comunista, Karl Marx foi bem mais brando que Jesus Cristo.
Ele há coisas!