Por que razão “Portugal” não reconhece o Estado da Palestina?
Bem, importa desde logo esclarecer que não é Portugal que não reconhece o Estado da Palestina, mas sim o Governo de Portugal e o actual Presidente da República. Em relação à Assembleia da República, não existe uma posição oficial. Seria importante levar o tema à discussão e votar sobre o reconhecimento do Estado da Palestina, só para separar o trigo do joio.
Muitos hipócritas vêm com a conversa da defesa dos dois estados, com a treta do alinhamento com a posição das Nações Unidas e, pior ainda, com a importância de uma decisão conjunta no seio da União Europeia. Ah! Como eles gostam das posições conjuntas, vulgo carneirar.
O reconhecimento do Estado da Palestina é algo há muito tempo devido por toda a comunidade internacional. E se há momento em que já não dá mais para o adiar, esse momento é agora.
Marcelo Rebelo de Sousa veio dizer que “não é o momento adequado”, mas não apresentou nenhuma razão válida para o justificar. E, pior que isso, os jornalistas (aqueles que diariamente defendem o genocídio e o nazi-fascismo israelita) nem sequer ousaram confrontá-lo com a sua completa hipocrisia. Na verdade, com que autoridade os hipócritas podem questionar outro hipócrita?
Marcelo referiu também o enquadramento legal das Nações Unidas e as últimas resoluções sobre a Palestina fazendo total tábua rasa do facto de a esmagadora maioria dos países que constituem as Nações Unidas já terem reconhecido o Estado da Palestina (entre o total de 193 países, 146 já reconheceram o Estado da Palestina, portanto, a esmagadora maioria).
O Governo de Portugal também veio com a treta de que Portugal deve procurar uma tomada de posição sobre o assunto no seio da União Europeia. Ou seja, a patetice das posições conjuntas. Como bem sabemos, nove países da União Europeia já reconheceram o Estado da Palestina e, agora, mais dois se preparam para o fazer (Espanha e Irlanda). Sendo que Malta e Eslovénia também já anunciaram que o pretendem fazer brevemente. Portanto, falar em posição conjunta nesta matéria, não faz qualquer sentido. Trata-se apenas de uma desculpa esfarrapada para encobrir a total falta de soberania e independência do Estado Português.
Um estado soberano, livre e independente pode e deve fazê-lo, por si só, mesmo que todos os outros estivessem contra, o que não é o caso, muito pelo contrário.
Esta posição oficial de Portugal que, ao contrário do que diz Marcelo Rebelo de Sousa, não vincula o país e o seu povo, mas sim as instituições do poder, não passa de mais uma ignóbil vassalagem ao imperialismo de Washington. O Governo de Portugal e o seu Presidente da República limitam-se a papaguear a narrativa de Washington e a serem complacentes com a ocupação, o apartheid e o genocídio na Palestina.
É isto que eles são. Apenas isto. Uns vassalos desprovidos de qualquer tenacidade na espinha dorsal e que conspurcam o nome da nação.
Viva a Palestina! Livre, do rio até ao mar.