PSD censurado e a reboque
Terminei o último texto dizendo que estava ansioso por ver a posição que o PSD iria tomar em relação à moção de censura apresentada pelo CDS. Ora, parece que o PSD decidiu ignorar a minha sugestão e vai votar favoravelmente a moção do CDS.
Toda a gente percebeu, menos o PSD, que esta moção de censura é apenas mais uma artimanha do CDS com o único objectivo de capitalizar eleitorado à Direita. Ou seja, tal como referi no último texto, esta moção de censura não é dirigida ao Governo, mas sim ao PSD, o único partido a quem o CDS pode roubar eleitorado.
Como é que o PSD não é capaz de enxergar isso? E, pior ainda, como pode deixar atrelar-se a um artifício que é inócuo para o Governo e altamente pernicioso para o próprio PSD?
Não aprecio o estilo de Rui Rio, mas reconheço-lhe uma virtude, talvez a única, que é a de ter vindo a fazer uma oposição séria e responsável. Não estou certo de que o tenha feito por sincera seriedade política ou por puro calculismo, mas a verdade é que seriedade e responsabilidade eram os grandes trunfos de que Rio se poderia socorrer para se defender dos ataques de que é alvo, que não têm sido poucos.
Ao deixar-se ir a reboque do CDS, Rui Rio e o PSD deitam por terra toda a postura que vieram a defender até então e, muito pior que isso, assumem um retumbante falhanço enquanto principal partido da oposição e entregam, categórica e triunfalmente, esse papel ao partido menor da Direita.
A moção ainda não foi a votos na Assembleia da República, mas o CDS já cumpriu o objectivo - o de esfrangalhar o PSD e sacar-lhe eleitorado. São estes os "efeitos práticos" da moção, que Rui Rio não foi capaz de perceber.