Qual Adriano Moreira? O ministro de Salazar?
Adriano Moreira completa hoje, 100 anos de vida. A data está a ser assinalada com alguma pompa e circunstância, sendo muitos os que têm demonstrado a sua #gratidão para com o figurão do CDS.
Adriano Moreira foi um político do Estado Novo (1959-1963), responsável directo por várias perseguições políticas (recordemos a crise académica de 1962), e também pela expulsão e perseguição de militares que se mostraram pouco submissos ao regime. Foi também durante o seu exercício do “lusotropicalismo” – enquanto Ministro do Ultramar - que se iniciou a guerra colonial em Angola e respectivas perseguições, repressões, detenções e execuções pidescas, entre outras maravilhas do Estado Novo.
Consta que saiu do governo salazarista em 1963, por estar em desacordo com as orientações de Salazar. E, a ser verdade, parece que isso bastou para constituir um facto suficientemente forte para isentar o senhor Adriano Moreira de tudo aquilo que fez durante os quatro anos que integrou o Estado Novo – essa parte é para esquecer.
Lembremo-nos ainda que o 25 de Abril também serviu para expiar as culpas de todos quantos foram militantes activos do salazarismo e do Estado Novo. Adriano Moreira foi um dos que aproveitou o clima de purificação e santificação de Abril, para se transfigurar e tratar logo de militar num partido digno, democrático e defensor da liberdade – o Partido do Centro Democrático Social (CDS). O 25 de Abril trouxe coisas boas ao povo português, mas também serviu para expurgar os males de todos aqueles que comeram e beberam do fascismo transformando-os - como que por milagre - em impolutos democratas.
A candura de Adriano Moreira está hoje de tal forma solidificada, que até nos permite assistir a momentos de rara beleza política, como o de ver Isabel Moreira (filha do santo de pau oco) e Nuno Melo (apenas oco) sentadinhos ao lado um do outro, muito felizes e contentes. Afinal, eles até nem são assim tão diferentes.