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Contrário

oposto | discordante | inverso | reverso | avesso | antagónico | contra | vice-versa

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RAPIDINHA

Os empresários estão contra as eleições, porque tinham uma "urgência muito grande" em aumentar - condignamente - os salários dos trabalhadores. Assim, vai ficar para as calendas gregas...

Quem está imune ao vírus anti-PCP?

Eu achava que após a Festa do Avante já se havia atingido a imunidade de grupo em relação ao vírus anti-PCP que, ao que parece, continua a fazer muitas vítimas. Prova disso são as inúmeras reacções negativas face à realização do Congresso do PCP, agendado para o próximo fim-de-semana.

Eu não tenho bem a certeza se aqueles que não estão imunes ao vírus desejam a imunização, ou se aqueles que já estão infectados pretendem a cura, contudo, vou tentar deixar aqui a vacina e o respectivo antiviral. Só para o caso.

Importa recordar que a realização do congresso não depende da vontade do governo ou de qualquer outra entidade. Desde que no respeito pelas regras impostas pelas autoridades da saúde, cabe ao PCP e só ao PCP decidir se pretende ou não realizar o congresso. Portanto, dizer que o governo está a dar tratamento privilegiado ao PCP não só é de muito mau gosto, como é uma vergonhosa mentira. Há quem vá mais longe – e não andemos com pezinhos de lã, a própria comunicação social – e se alvitre a sugerir que se trata de um “pagamento” pelo facto de o PCP deixar passar o Orçamento do Estado. Haja lata. Como se o PCP fosse um partido que estivesse à venda e como se a realização do congresso pudesse sequer constituir alguma forma de pagamento que, como já referi, não é. Emana da lei. Pensem lá, que sentido faria o PCP fazer um favor ao governo com o objectivo de obter uma putativa aprovação, da qual não necessita? Enfim.

Há também aqueles que dizem que o PCP não deveria poder realizar o seu congresso, numa altura em que vigora o estado de emergência e no decorrer de um fim-de-semana em que está em vigor o recolher obrigatório. Essas pessoas dizem que o PCP não deveria ter mais direitos que os demais portugueses. Convém explicar a essas pessoas que o PCP é um partido que, tal como todos os outros partidos, possui direitos que os demais portugueses, individual ou colectivamente, não possuem, nomeadamente o direito à actividade política, na qual a realização do congresso se enquadra. E é por essa razão que o PCP (ou qualquer outro partido) pode realizar o seu congresso no decorrer de uma pandemia, de uma situação de estado de emergência, ou qualquer outra situação.

Há ainda os que invocam uma fingida preocupação com os nefastos efeitos que a atitude levada a cabo pelo PCP em realizar agora o congresso possa acarretar para a imagem do partido. Alegam que os portugueses não vão entender (porque são burros, julgarão eles) a razão pela qual o PCP tem direito a realizar o seu congresso e, além disso, podem pensar que só têm direito a realizar o seu congresso porque António Costa lhes devolveu o favor. Ora, como já foi referido isso não é verdade. Mas o mais espantoso é esta gente querer convencer-nos de que estão preocupados com a imagem do PCP. Portanto, são “anti-PCP” obsessivo-compulsivos – não por vontade própria, só por culpa do vírus que anda aí – mas muito preocupados com o mal que esta decisão pode causar à imagem do partido.

Curiosamente, ninguém salienta razões de saúde pública, se calhar porque não existem razões para muita preocupação. As razões invocadas são sempre de cariz político, ora, se o âmbito de apreciação sobre o assunto cai exclusivamente no campo político, então, estamos conversados. Se há razões que nunca podem ser invocadas para tentar evitar a realização de um evento desta natureza são as de ordem política.

Já as relacionadas com a saúde pública poderiam ter maior aceitação, enquanto mera opinião, claro. No entanto, seria muito difícil sustentar uma posição contrária à realização do congresso do PCP com base nas mesmas, uma vez que são inúmeras as situações potencialmente geradoras de surtos de contágio, que ocorrem todos os dias e ninguém se manifesta contra.

No congresso do PCP (que durará um fim-de-semana) estarão no máximo 600 pessoas, todas sujeitas a apertadas medidas de circulação e permanência no recinto. Se pensarmos que, por exemplo, todos os dias (excepto fins-de-semana), por todo o país, existem inúmeros estabelecimentos de ensino onde se aglomeram tantas ou mais pessoas e onde as regras não são tão rígidas, nem tão cumpridas… É fazer as contas…

Estou certo que os “anti-PCP” também andam por aí a exigir o encerramento das escolas e faculdades.