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RAPIDINHA

"Quem manda na Europa?", eis a questão

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Esta é a verdadeira questão que está a ser discutida, por estes dias. Ninguém está verdadeiramente interessado na soberania ou no futuro da Ucrânia, até porque se fosse essa a questão, já poderiam – e deveriam - ter actuado em relação à situação daquele país há muito tempo. Aquilo que realmente interessa aos EUA e à Rússia é a disputa pelo controlo da economia europeia.

E o mais grave problema patente nesta questão é que a Europa – nomeadamente a União Europeia – está refém de políticos que não passam de jarras na mesa das negociações.

Mas, comecemos pelas razões que levam a comunidade internacional – sempre muito bem orquestrada pelos EUA – a repudiar as intenções russas e a odiar a Rússia.

Vejamos, a administração Biden – que vai apenas com um ano de vigência – já contabiliza uma série de derrotas. O Build Back Better Plan quase que desapareceu; a protecção do direito de voto de algumas pessoas que estava a ser desprezada pelos republicanos e que o Sr. Biden nada fez para alterar a situação; a crise Covid e o elevado número de mortos; o colapso económico e o programa de recuperação económica da administração Biden que só conduziu a mais inflação. Portanto, aquilo que os EUA – pela mão da administração Biden – deseja é distrair toda a gente acerca dos problemas internos que o país enfrenta. A estratégia não é nova, aliás, ela repete-se de tempos a tempos. Aquilo que se constata é que países como os EUA recorrem sempre a esta solução miraculosa de encobrir os problemas domésticos com a fabricação de uma catástrofe internacional que desvie as atenções. E resulta sempre.

O funcionamento da coisa é sempre igual. Desta feita, logo após a fabricação e difusão da narrativa norte-americana, costuma aparecer logo o Sr. Boris Jonhson a papaguear a mesma historieta encomendada. E, em abono da verdade, Boris Johnson também está muitíssimo interessado em desviar as atenções de si próprio, cuja cabeça anda a ser pedida há muito tempo. Depois, seguem-se os patéticos líderes europeus (União Europeia) – os Macrons e os Scholzs - sempre muito expeditos a satisfazer as pretensões dos seus amigos coloridos. E o mais engraçado é que depois de tantas provas de incompetência, de mentira e de hipocrisia, a larga maioria das populações continua a depositar toda a sua confiança nestes líderes da treta.

A outra parte tem a ver com o facto de os EUA não estarem minimamente interessados em comprar uma guerra com a Rússia – apesar de parecer o contrário -, muito menos interessados estão em defender a soberania da Ucrânia – um país com o qual não têm nenhum tipo de interesses. Portanto, toda esta histeria criada pela administração Biden e que a capturada comunicação social propaga a toda a hora – algo que se estende a todo o mundo (Portugal muito bem incluído) –, de que está iminente uma guerra na Europa deveria ser motivo de muita preocupação para as nações europeias que, invariavelmente assumem a posição que é decretada pelos EUA – o seu carrasco favorito. Se é para ficar com o pescoço debaixo da bota, pois que seja de uma bota americana que dói menos.

Todos se lembram certamente como decorreram as manobras de invasão do Afeganistão e do Iraque. As falsas acusações de que detinham armas de destruição maciça, algo que na altura foi tido como verdade no seio da opinião pública - sempre muito bem informada pela também sempre isenta e competente comunicação social -, que ainda não se cansou destas histórias da carochinha e que continua a embarcar abnegadamente nas patranhas made in USA. O processo é sempre o mesmo, como referi. A administração norte-americana cria uma falácia que é automaticamente assumida pelas nações europeias e, dessa forma, fabricam-se os pressupostos que branqueiam a violação do direito internacional. Aliás, a NATO não é mais do que uma lavandaria que serve apenas para “legitimar” as investidas bélicas dos EUA. Agora, todos dizem que a Rússia está a violar a ordem internacional, ao reconhecer a independência de territórios separatistas na Ucrânia. Mas ninguém se atreveu e/ou atreve a condenar os EUA pelas constantes violações do direito internacional no Médio Oriente. Porquê? Porque se assume que os pressupostos forjados pela administração norte-americana são sempre verdadeiros. Afinal, toda a gente sabe que eles não mentem. Eles são os bons e honestos. E, além disso, toda a gente sabe que é lá que nascem os heróis. O Batman, o Homem-Aranha, o Super-Homem. Na verdade, o mundo ocidental vive e vibra constantemente com a ideia hollywoodesca de que os EUA são os bons, os guardiões do mundo e os outros é que são os maus da fita. De facto, Hollywood consegue endrominar tão bem a cabeça das pessoas, que elas transpõem automaticamente a ficção para a realidade.

Outra coisa que nem sequer tem sido discutida é o facto de a Ucrânia ser um país pejado de movimentos nazistas e fascistas, com os quais o Sr. Biden pretende colaborar e dar cobertura.

Mas a questão essencial que deve ser colada é a de saber se, o que quer que venha a acontecer na Ucrânia, isso será motivo para uma guerra? Com todos os graves problemas que o mundo enfrenta, sobretudo os EUA e a Europa, a quem pode interessar uma guerra neste momento? Uma guerra protagonizada pelas duas maiores potências nucleares? É disso que estamos a falar?

A verdade é que aquilo que está em questão é a Europa e o mercado europeu da energia. Os EUA estão desesperados por vender mais energia à Europa, pelo que consideram fundamental impedir que a Rússia se torne num importante parceiro e fornecedor de energia.

Como todos já devem ter ouvido falar, existe um segundo gasoduto de ligação entre a Rússia e a Alemanha – o Nord Stream 2 – que está pronto a reforçar o abastecimento de gás natural (à Alemanha e resto da Europa). Portanto, é disto que estamos a falar. Os EUA só estão interessados em desviar as atenções sobre os graves problemas políticos internos e, ao mesmo tempo, colmatar os graves problemas económicos com o incremento das relações comerciais com a Europa, sobretudo no que respeita ao fornecimento de energia. É apenas isto. Os guardiões do mundo estão-se nas tintas para a Ucrânia – um país com um governo corrupto e não menos autoritário que o regime de Putin – e estão disponíveis para apoiar militarmente os grupos nazistas e fascistas daquele país, desde que isso leve a água ao seu moinho, ou seja, manter a Europa com o pescoço debaixo da sola. É assim há largas décadas.

Como facilmente se percebe, incluir a Rússia como um dos mais importantes fornecedores externos do mercado energético europeu é muitíssimo mais vantajoso (mais barato) para a Europa do que comprar aos EUA. Contudo, o Sr. Olaf Scholz já comunicou o bloqueio do gasoduto Nord Stream 2. Cumpriu bem as instruções do Sr. Biden, não haja dúvidas. Reparem, os líderes europeus dizem que este bloqueio é uma das principais sanções impostas à Rússia, quando na realidade trata-se mais de uma penosa sanção que os EUA aplicam à própria Europa, que assim fica privada de duplicar o abastecimento de gás natural ao preço mais barato que alguma vez conseguiu negociar. Assim, com esta "sanção" à Rússia, os países europeus terão que pagar uma factura energética cada vez mais cara. Bem podem agradecer aos EUA, que só pretendem evitar o incremento das relações comerciais entre a Rússia e a Europa, para que possam ser eles a explorar o mercado europeu a seu bel-prazer. Tal como sempre fizeram.

Mas que falta de verticalidade aquela que se verifica nos “líderes” europeus, que não passam de fantoches nas mãos do Sr. Biden – o verdadeiro manda-chuva da Europa.

Bem, esperemos que em resposta a esta sanção, o Sr. Putin não se lembre de fechar a torneira do gasoduto Nord Stream 1, tão importante para vários países europeus.

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