Taras e manias
Tomando por boa a última sondagem sobre as intenções de voto dos portugueses, facilmente se constata que o eleitor “típico” português é um verdadeiro caso de estudo. Ora, como se pode ver, a estimativa de resultados eleitorais demonstra que 60% dos portugueses – esmagadora maioria – tem intenção de votar nos mesmos de sempre, ou seja, no PS e no PSD/CDS: aqueles que governaram Portugal nos últimos 50 anos. O famigerado "bloco central".
Dizem que, em Portugal, a maioria dos eleitores são de esquerda. E, de facto, se tivermos em linha de conta aquilo que a maioria das pessoas reclama no dia-a-dia, logo se conclui que a maioria dos portugueses parece ser mesmo de esquerda. E, se nos recordarmos que várias sondagens recentes demonstram que a maioria dos portugueses considerou que o governo do quadriénio 2015-2019 (“geringonça”) foi – de longe – o melhor deste século, mais razões teremos para acreditar que a maioria dos portugueses é tendencialmente de esquerda.
Contudo, esta sondagem mostra que apenas 8% dos portugueses pretende votar em partidos de esquerda (CDU e BE). Não me venham com essa treta de que o PS é de esquerda, porque não é. O PS vai cumprindo alguma agenda de esquerda, apenas para manter o povo na ilusão de que são de esquerda, mas que só concretizou medidas de esquerda com alcance satisfatório, quando esteve dependente do apoio da CDU e do BE, portanto, no período 2015-2019 – curiosamente, aquele que foi considerado pela maioria dos portugueses como o melhor período da governação nos últimos 25 anos. E quanto ao Livre, bem, como já tenho referido, o sonho do Livre é estar para o PS, como o CDS está para o PSD.
E é isto. A maioria diz-se de esquerda e diz que a melhor legislatura foi aquela que teve a CDU e o BE com poder de negociação na governação. No entanto, é a mesma maioria que não consegue deixar esse vício de votar no PS e no PSD/CDS, deixando apenas 8% dos votos para os partidos de esquerda. Taras e manias.