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Contrário

oposto | discordante | inverso | reverso | avesso | antagónico | contra | vice-versa

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RAPIDINHA

Os empresários estão contra as eleições, porque tinham uma "urgência muito grande" em aumentar - condignamente - os salários dos trabalhadores. Assim, vai ficar para as calendas gregas...

“Transparente” e dentro da lei, como sempre

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O ex-secretário de Estado da Administração Local e do Ordenamento do Território, Hernâni Dias, esteve no Parlamento para garantir que é uma pessoa muito séria, honesta, transparente e que faz tudo “dentro da lei”.

Trata-se do ex-secretário de Estado que até há bem pouco tempo fazia parte do governo, que procedeu à alteração da “lei dos solos”, que autoriza as Câmaras Municipais a permitir a construção desenfreada em qualquer terreno rústico. E durante o processo de alteração da lei – uma lei que só serve para legalizar a corrupção – Hernâni Dias constituiu duas empresas imobiliárias.

No Parlamento, Hernâni Dias garantiu que agiu “dentro da lei”. Diz que foi tudo “transparente”, até porque a Entidade para a Transparência (EpT) deu parecer positivo. Como bem devem ter notado, a comunicação social espalhou o “facto” de que a EpT deu parecer positivo à pretensão de Hernâni Dias em constituir duas empresas. Mas fê-lo como? Baseando-se em factos? Não, tomando como boa a palavra de Hernâni Dias. Palavra que não vale nada, como bem se poderia antever. A EpT já informou que não deu esse parecer e que Hernâni Dias só contactou a EpT há pouco tempo, alguns meses depois de já ter constituído as duas empresas. Não deveria a comunicação social ter verificado as declarações de Hernâni Dias junto da EpT, antes de propagar a mentira de que ele tinha recebido um parecer positivo? Claro que não. Já todos bem sabemos que a comunicação social não faz a confirmação dos factos, não é verdade? Se o fizesse, o teor das “notícias” seria bem diferente.

Voltando à audição parlamentar de Hernâni Dias, aquilo que se verificou foi que o ex-secretário de Estado mentiu, mentiu e só mentiu. Também já estamos habituados a ver isso acontecer nas comissões parlamentares.

Hernâni Dias afirma que o “seu” ministro e o Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, não sabiam de nada. Portanto, Hernâni Dias diz ter pedido um parecer à EpT, onde estava em causa o mais de que óbvio conflito de interesses. Mas não comentou nada com o ministro, nem com Montenegro. Mas reparem na mais patética das situações, que é o facto de um governante necessitar de um parecer de uma entidade, para saber se algo que tresanda a marosca significa, ou não, conflito de interesses. Só por essa razão já se pode concluir que não tem o mínimo de credibilidade nem de competência para o exercício de funções governativas.

E ainda tem a lata de dizer que se demitiu para não deixar ficar mal o governo e para proteger a sua família. Como assim, deixar ficar mal o governo e a famelga, se fez tudo “dentro da lei” e de forma muito “transparente”?

Também acrescentou que as suas duas empresas não foram constituídas para beneficiar da nova "lei dos solos" - feita por ele -, mas sim para recuperar duas habitações, tendo em vista a sua remodelação para actividade turística. Nunca tal se viu, ter de constituir duas empresas no ramo imobiliário, para proceder à remodelação de duas habitações. 

Saiu do governo, mas mantém o pouso na Assembleia da República (ainda que temporariamente suspenso, por vontade própria), porque é esse o direito que a lei lhe confere – o direito de andar de pouso em pouso, precisamente a produzir legislação à medida, dele e de gentalha como ele, que é coisa que não falta nos partidos do arco da governação.

É assim o sistema.