Vá, agradeçam todos à "tia" Maria de Belém
Este é o ponto a que chegou a “democracia”, aquele em que os que estão (ou estiveram) no poder já não apresentam nenhum rebuço em puxar as orelhas dos cidadãos, na praça pública, porque segundo eles, os portugueses são uns ingratos que só sabem reclamar. E não sabem valorizar os “bons” serviços públicos proporcionados pelos iluminados que gerem a coisa pública.
Maria de Belém afirmou que “os portugueses não sabem valorizar o que têm”, que são uns queixinhas. Mas ela – certamente - valoriza e muito o SNS que ela própria já geriu. E como toda a gente sabe, os políticos que governam e governaram o país, sempre que necessitam recorrem ao SNS, não é verdade? E ainda se atreveu a afirmar que os portugueses são “extraordinariamente exigentes relativamente àquilo que à custa dos outros lhes é proporcionado e isso não fica bem”. A tia Maria considera que o serviço público prestado pelo SNS é algo que é oferecido por gente da sua casta aos pelintrões dos portugueses, que deveriam agradecer-lhes de joelhos todos os dias.
Maria de Belém, antiga ministra da saúde, disse que o que falta é “um trabalho de cidadania”, para ensinar essa cambada de ingratos a erguerem as mãos pró céu e a aprenderem a agradecer o facto de termos políticos da craveira da tia Roseira, que amavelmente nos oferecem serviços públicos que nos deveria fazer sentir os seres mais especiais do mundo.
Até já se pode antever que este será mais um módulo a doutrinar nas aulas de cidadania. O melhor mesmo é ensiná-los, logo de pequeninos, a não ser mal-agradecidos, para que depois não se tornem nuns adultos resmungões que só criam problemas aos senhores da casta superior. Se nessas aulas já se aprende que um homem pode afinal não ser um homem e ser uma mulher, e vice-versa, também se pode doutrinar tudo o resto. É só aplicar o “trabalho de cidadania” que a tia Roseira preconiza e Portugal será o país das maravilhas.